Coordenação do Nossa Itaquera na Reunião do Plano de Metas da Zona Leste

Coordenação do Nossa Itaquera na Reunião do Plano de Metas da Zona Leste
Ativistas do Nossa Itaquera

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

FESTA BRASILEIRA, NO SESC ITAQUERA, TERMINA COM EMOCIONADA HOMENAGEM À MEMÓRIA DE SÃO PAULO





FESTA BRASILEIRA, NO SESC ITAQUERA, TERMINA COM EMOCIONADA HOMENAGEM  À MEMÓRIA DE SÃO PAULO

 

Neste mês de agosto, a Zona Leste de São Paulo foi presenteada com a Festa Brasileira, realizada nos dois últimos finais de semana do mês, pelo SESC  Itaquera.

Foi uma Festa Brasileira, mas o tema foi bem paulistano como já indicava a chamada que dava título à Programação: “Se eu Perder esse Trem...nos Trilhos da Memória Paulistana”.

E como a temática visava  homenagear a memória paulistana nada mais apropriado mesmo do que buscar na obra de Adoniran Barbosa, a inspiração. E aí não seria difícil chegar na música “Trem das Onze”, uma das obras deste compositor que está mais associada aos tempos de São Paulo Antiga.

E se a Estação Jaçanã, citada na letra de Adoniran, não existe mais, também na Zona Leste muita coisa mudou nesta marca do desenvolvimento inicial da Capital, que era a ferrovia e suas estações que pontuavam os bairros operários da região.

Desde o ano 2000, várias estações da CPTM foram desativadas (Vila Matilde, Patriarca, Artur Alvin, Itaquera e Parada XV de Novembro,, por exemplo, deixaram de existir). Algumas delas deram lugar às Estações de Metrô e outras simplesmente nem foram substituídas, como é o caso da Estação Parada XV de Novembro, cuja população foi vítima do novo traçado da linha ferroviária que, desviando do bairro, passou a atender outras áreas em expansão (a do Conjunto Habitacional José Bonifácio, por exemplo). São Paulo e sua Zona Leste, portanto, mudaram muito desde os tempos retratados por Adoniran em suas canções.

 

           O TEMA DA MORADIA POPULAR NAS CANÇÕES DE ADONIRAN

 

 Mas alguns problemas da cidade, especialmente aqueles vividos pela população mais pobre, moradora das favelas, continuam atuais.  Afinal, Adoniran tratava dos pobres e suas coisas, da “Saudosa Maloca” e da tristeza da perda da moradia. Nestes tempos atuais em que milhares de moradores de favelas situadas na região de Itaquera correm o risco de perder suas casas em decorrência das obras ligadas à Copa de 2014 (incluindo as adequações viárias, alargamento e abertura de vias, construção de parques, etc), nada podia ser mais oportuno do que a escolha feita, pela cantora Fabiana Cozza, da música “Despejo na Favela”, cantada, no dia 25 de agosto, para homenagear o compositor.

 

                      O “SAMBA VIRADO À PAULISTA”

 

Neste dia várias cantoras deram voz e vida aos vários personagens populares que integram o repertório tanto de Adoniran como também de outros compositores homenageados (como Paulo Vanzolini e Geraldo Filme). Nesta tarefa se revezaram no palco, além de Fabiana Cozza, Graça Braga, Flávia Bittencourt, Verônica Ferriani, Grazzi  Brasil, Milena e Priscila Amorin. Esta última homenageou ainda um compositor alagoano, Jorge Costa, imortalizado pela música “Triste Madrugada”.


O BATE-PAPO GASTRONÔMICO

 

Mas festa é festa e, além da música, tinha que ter mesmo a atração da comida. O “Virado à Paulista”, portanto, estava tanto presente no palco, como também nas barracas que ofereciam pratos típicos do Estado e Capital. Mas,  sendo uma cidade de imigrantes, muitos dos tais “pratos típicos” são internacionais. E esta origem internacional destes pratos era o tema do Bate-papo Gastronômico “De lá para Cá” que discutia sobre as influências de portugueses, italianos e árabes na nossa culinária, oferecendo histórias e pratos, para alegria dos felizardos que conseguiam lugar no espaço reservado ao lado do palco na Praça dos Eventos.

 

AS BARRACAS DAS ENTIDADES SOCIAIS DA REGIÃO

 

Ainda na Praça dos Eventos, podiam ser visitadas as barracas das entidades sociais da região que tradicionalmente participam das Festas Juninas do SESC Itaquera e que, neste ano, também estavam lá para prestigiar a Festa Brasileira: Obra Social Dom Bosco, Ação Social de São Mateus, Sociedade Ambientalista Leste, Creche Irmã Marianna Sala e muitas outras.

Nestas barracas, o público tanto podia obter um artesanato (como na barraca da Sociedade Ambientalista Leste) como participar de alguns dos jogos que divertiam a garotada de diversas idades.



AS CRIANÇAS E O TREM COLORIDO

 

 
Mas diversão mesmo as crianças tiveram com o trem colorido da “Bella Cia de Teatro”. Seus atores, seguindo um bonito trem colorido, divertiram as crianças com brincadeiras e músicas que resgataram a memória dos primeiros trens de São Paulo. As crianças mais crescidas também se divertiram nas aulas de gafieira que animavam o público num aquecimento para os shows.
 
 
 
 Foi uma bela festa.

 

domingo, 19 de agosto de 2012

A COMUNIDADE DA PAZ E O ARRASTÃO CULTURAL DAS COMUNIDADES UNIDAS


                              Jovens do Grupo "Arte Maloqueira" se apresentam

A COMUNIDADE DA PAZ E O ARRASTÃO CULTURAl  DAS COMUNIDADES  UNIDAS


Neste último sábado, dia 18 de agosto, aconteceu,  na Comunidade da Paz, o Segundo Arrastão Cultural das Comunidades Unidas da Zona Leste. Dando sequência ao primeiro “Arrastão” que tinha acontecido na Comunidade Caititu, no sábado anterior (11/08), desta vez, os vários militantes do “Comunidades Unidas”  e do “Movimento Nossa Itaquera”, além de artistas de vários grupos juvenis da região, como o “Arte Maloqueira” e recreacionistas voluntários estiveram numa atividade cultural com crianças e jovens nesta comunidade que está na lista das ameaçadas de remoção em decorrência do Projeto do Parque Linear Rio Verde, que integra o pacote de obras ligadas à Copa de 2014.

   Camaradas de várias gerações na ação de apoio às Comunidades (Vinicius, Tonhão, Eduardo, Padre Paulo e Lucas)


A Velha Guarda: Sr. Antonio, Pedro. Padre Paulo, Valter e Tonhão

O propósito da ação foi o de promover contato com as famílias, atividades culturais e brincadeiras para as crianças e estimular a conversa entre representantes de várias comunidades, sobre este tema comum da luta pela moradia. Por esta razão, estiveram presentes tanto moradores de comunidades vizinhas, também ameaçadas, como Clodoaldo e Ana Paula, da Caititu, como de representantes do Movimento de Moradia da Região Central, como o Nelson Che que relatou a vitória na ocupação de prédio abandonado na Rua Mauá.

          Nelson Che, do Movimento de Moradia da Região Centro e Patrícia Cornils, da Agência Pública

Mas a tarde foi, principalmente, de muitas brincadeiras com as crianças nas quais foi fundamental o trabalho desenvolvido por recreacionistas voluntários que trabalharam pintura de rosto, coreografias e vários tipos de jogos. A diversão toda foi acompanhada por ativistas dos “Comunidades Unidas”, como o Professor Antonio Carlos, Tonhão, que assistia orgulhoso o trabalho dos jovens filhos envolvidos nas dinâmicas com as crianças e distribuía doces para a garotada. Pelos ativistas do “Movimento Nossa Itaquera”, Padre Paulo Sérgio Beserra, Vinicius, Lucas de Francesco e Eduardo Brasileiro que conversaram com as pessoas da comunidade.

           Vinicius, Eduardo, Padre Paulo, Lucas e José Adriano e a frase de "Sejam Bem Vindos", na parede do Bar, na Comunidade da Paz

Importante na organização, foi o trabalho do Jailson, Senhor Pedro e sua filha Magna, moradores da Comunidade, que garantiram os preparativos para o Encontro.


                              Magna, José Adriano, Tita, Tonhão e Filipi

E a infraestrutura  para o êxito desta atividade cultural contou com a colaboração de sindicatos e grupos culturais (como o Dolores Boca Aberta, que contribuiu com a aparelhagem de som). Colaboraram e participaram ainda muitas outras pessoas que estas linhas apressadas não comportaram a menção.

                                      A menina e a pintura da borboleta

Aproveitou-se ainda  o encontro para combinar com as pessoas da comunidade, os próximos passos da luta dos moradores contra o processo de remoção. Ou seja, as Comunidades estão em processo de União e Organização.

                                                     Valter de Almeida Costa




quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A ALUNA "B" DO COLÉGIO BANDEIRANTES E AS LIÇÕES DO DIA DOS ESTUDANTES



A ALUNA “B” DO COLÉGIO BANDEIRANTES E AS LIÇÕES DO DIA DOS ESTUDANTES

Neste 11 de agosto, último sábado, também comemorou-se o Dia dos Estudantes. E como costumo fazer nesta data, refleti sobre esta coisa de ser professor. O trabalho na sala de aula. As escolas. Os alunos. E entre os pensamentos surgidos, me veio  a memória da amizade construída, com uma estudante, numa viagem. Uma viagem que ocorreu faz mais de vinte anos, de ônibus, pelas estradas e rios do Pantanal. Voltei ao Pantanal, passado este tempo todo, nas últimas férias, ou recesso escolar, em julho deste ano.  Ou seja, no mês passado retornei ao Pantanal, mas estava com meu filho pequeno e fomos de avião. A viagem agora foi rápida. E chegando ao destino, a beleza da paisagem tomou toda nossa atenção. No passeio feito, na primeira vez, de ônibus, por semanas, até e pelo Pantanal,  o tempo do percurso favoreceu a construção de amizades. E esta amizade surgida com a estudante naquele passeio me trouxe novos conhecimentos. Na época, não tinha ainda trinta anos. Tinha concluído o Curso de História e já tinha intensa militância no Partido Comunista Brasileiro e em várias organizações comunitárias e sindicais. Era, na verdade ainda sou, um comunista ortodoxo. E minha jovem amiga, de viagem, era uma estudante secundarista. Devia ter quinze anos.  E era aluna do Colégio  Bandeirantes, de São Paulo. Para quem não conhece, o Colégio Bandeirantes é um dos que atendem a elite paulistana. E seus gestores, professores e alunos sabem bem disto: são da elite e os alunos desta  escola são preparados conscientemente para permanecer na elite, econômica, social e cultural. Seus alunos sabem que são  preparados para governar. Governar as empresas, sua cidade e o País.

E esta jovem amiga falou,  bastante,  sobre esta característica do Colégio Bandeirantes.  E sobre o impacto desta disposição seletiva junto ao grupo de alunos. Naturalmente, o resultado deste projeto educacional só pode ser a extrema competitividade entre os alunos. E foi sobre este espírito que a estudante preferiu comentar. Sobre os efeitos deste clima de disputa que colocava os alunos em categorias. Havia o grupo dos alunos “A”, que era o dos alunos excelentes. A nata. Abaixo deles, os “quase excelentes”, do grupo “B”, e assim por diante. A minha amiga pertencia ao grupo “B”. Não tinha ilusão de poder ascender ao grupo “A”, mas não deixava de dormir por conta disto. Era muito tranquila, autoconfiante e muito, muito, preparada para o trato dos temas mais diversos. Com seus quinze anos falava de quase tudo com conhecimento e argumentos consistentes: política, economia, questões sociais, ambientais, culturais. Até sobre futebol.  Na época eu achava o futebol alienante. Uma bobagem, a minha, e de parte da esquerda daquele período. E a menina me deu uma grande lição sobre a importância do futebol para o mundo e para a cultura brasileira. Falou do futebol como paixão. Foi convincente.

Falamos também, bastante, sobre política, filosofia, ética, estes assuntos.  E era uma conversa animada  pela própria diferença dos interlocutores. Eu era um professor de história, comunista, que lecionava em várias escolas do extremo da Zona Leste; e ela era uma estudante, com metade da minha idade, de uma das escolas particulares mais elitista de São Paulo. E esta conversa, no tema da ética, foi ainda alimentada por um episódio ocorrido na viagem de volta. Do Pantanal, em Mato Grosso, tínhamos atravessado a fronteira duas vezes. Uma  rápida entrada na Bolívia e uma outra no Paraguai. No retorno, a passagem pelo Paraguai não ficou impune. O ônibus foi parado na estrada pela Polícia Rodoviária. Iriam revistar as bagagens e a reação dos viajantes foi rápida. Fizeram logo uma caixinha para subornar os guardas. Quando o passageiro coletor da propina passou pelo nosso banco eu, pragmaticamente, não hesitei em contribuir com o grupo. Não tinha motivos pessoais para preocupação com a revista das bagagens.  O único bem que tinha adquirido  na visita à Bolívia foi um estiloso chapéu que fez algum sucesso nas brincadeiras da viagem. Tanto sucesso que foi logo roubado numa das festas em que fomos após o retorno. Mesmo assim, colaborei com a propina. E isto deixou minha amiga estudante do Colégio Bandeirantes completamente indignada. A menina cobrou satisfações. Como eu, um professor de história, comunista, cedia tão facilmente à pressão dos demais passageiros corruptores!  A menina me encurralou. Tive dificuldade em responder. Na verdade nem me dava ao trabalho de pensar seriamente no  assunto. Com certo pragmatismo bolchevique alheio às contradições internas e miúdas do capitalismo, achava que a corrupção policial era perfeitamente compatível e coerente com o próprio sistema capitalista. Um mal inerente ao sistema. Sistema que eu combatia em outra escala. Não perderia tempo discutindo a ética  pequeno burguesa de um sistema intrinsicamente perverso. Mas a garota não ficou convencida. Sua indignação era total e fundamentada. Seus argumentos eram racionais mas carregados de emoção. A menina trazia aquilo que Darci Ribeiro chamava de “fibra ética” da juventude. Hoje, passados mais de vinte anos, continuo  com meu bolchevismo voltado aos grandes combates, mas busco também prestar mais atenção às coisas “pequenas’ mas importantes do cotidiano. Deste curto convívio, aproveitei o conhecimento obtido para estimular meus alunos do Ensino Médio, e mesmo do Ensino Fundamental, para que pensassem sobre quais seriam seus objetivos com a Educação. Aquelas conversas, portanto, renderam bastante. E neste dia 11 de Agosto passado, Dia dos Estudantes, gostaria muito de saber para quais caminhos a vida teria levado toda aquela vitalidade estudantil da aluna “B” do Colégio Bandeirantes.
Valter de Almeida Costa


terça-feira, 14 de agosto de 2012

CONVERSA DE PROFESSORES: MEMÓRIA, ALUNOS, ALEGRIAS...



CONVERSA DE PROFESSORES: MEMÓRIA, ALUNOS, ALEGRIAS...


Em texto anterior foi comentada a atividade do “Arrastão Cultural” promovida pelas “Comunidades Unidas da Zona Leste”, no dia 11 de Agosto. Foi relatada a participação de grupos musicais juvenis e a animação da garotada da Comunidade Caititu, com o som forte do Rap da “Arte Maloqueira”.

Mas este encontro também contou com a presença de professores. Aliás, a própria festa era sediada na casa dos professores Clodoaldo e Ana Paula Cordeiro.  Nas rodas de conversas formadas, o assunto principal era mesmo a mobilização contra as remoções que estão sendo planejadas, de milhares de famílias. Estas famílias poderão sofrer “remanejamento” em virtude de obras relacionadas à Copa de 2014.

Mas afinal, eram grupos de professores e nestas conversas, um assunto sempre presente é mesmo o dos alunos de nossas escolas. Pode ser em casa, num passeio ou numa festa. Se juntou professor para conversar, não tem jeito: o tema será aluno e escola. Não foi diferente nesta festa, /Falamos dos alunos, E falamos de algumas boas lembranças. Cada um recordou de algum trabalho que tinha causado maior emoção pelo envolvimento dos alunos. A professora Glória comentou os trabalhos e relatos de alunos, de uma quinta série, moradores de uma comunidade que sofreria o drama da remoção. Nesta atividade, a professora presenciou o impacto desta violência sobre as famílias, na perspectiva angustiada das crianças. Já seu companheiro, Tita Reis, recordou uma atividade na qual os alunos reproduziram, com festas, discussões, vestimentas, os temas da década de 60. Claro que este tema incendiou a escola.

De nossa parte, lembramos da experiência inusitada de ter levado, em 1991, um grupo de Rap, então pouco conhecido, para conversar com os alunos de uma escola de Itaquera, a EE Professora Helena Lombardi Braga. O grupo era o Racionais MCs. E este grupo não foi na escola para cantar. Foi para conversar. E foram tratados de vários assuntos: o racismo, a violência policial e social, política, cultura de rua...O inusitado desta experiência foi o fato de que, diferente do que ocorria em outras palestras, nas quais os alunos fugiam, até pulando o muro, nesta conversa com Mano Brown, Edy Rock, K L Jay e Ice Blue, alunos e não alunos pularam o muro para entrar na escola. No final, os portões ficaram abertos. E ninguém foi embora. Mano Brown, como sempre, deu bem seu recado. Estava no seu meio.

                                Ex- Aluna Neusinha, na Festa de Aniversário de seus 60 anos

Também lembramos de, neste mesmo ano de 1991, ter levado quase uma centena de alunos, do Curso Supletivo (Jovens e Adultos) para a Festa de Inauguração de um Conjunto Habitacional construído em mutirão, na Avenida Pires do Rio. Uma das lideres do Movimento de Moradia que tinha conquistado este conjunto era nossa aluna do supletivo, a Neusinha. E fomos lá, alunos e professores daquela escola, partilhar da alegria daquela conquista popular. Era uma Festa,  mas também era uma aula de história. Isto tinha ocorrido em 23 de novembro de 1991.  Passados mais de vinte anos, retornamos, no último dia 4 de agosto, naquele Conjunto de casas, para festejar o aniversário de 60 anos da ex-aluna Neusinha. Estas foram algumas das recordações trazidas nestas conversas. Memórias de professores.


Valter de Almeida Costa

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

VIVA A ARTE MALOQUEIRA E A FORÇA DAS COMUNIDADES UNIDAS




VIVA A ARTE MALOQUEIRA E A FORÇA DAS COMUNIDADES UNIDAS


Neste sábado, dia 11 de Agosto, teve arte no nosso pedaço da cidade. Num canto de Itaquera, na Avenida Caititu, ocorreu o “Arrastão Cultural das Comunidades Unidas da Zona Leste”. Artistas, poetas, músicos, educadores, ativistas sociais de diversas quebradas estiveram, ao longo da tarde e noite, confraternizando com esta comunidade que, entre outras, também sofre a ameaça de remoção por conta do pacote de projetos que integra o “kit Copa de 2014”.

A ameaça sobre a qual não há posicionamento oficial da Prefeitura de São Paulo, quanto a detalhes que interessam aos moradores (cronograma das obras, conseqüentes remoções e alternativas habitacionais para os removidos, principalmente) está relacionada ao projeto de ligação da Avenida Caititu com a Avenida Jacu-Pêssego.

A comunidade vive o terror permanente dos boatos. Frente ao clima de insegurança quanto ao futuro, é muito difícil fazer qualquer plano. As famílias ao sabem onde estarão em 2014 ou no próximo ano. Não há sinais de disposição para o diálogo por parte da Administração Municipal.



OS CORONÉIS E O CLIMA DE TOCAIA


 A sensação, para boa parte dos moradores, que traz na memória as histórias de violências vividas no campo (muitos são migrantes) é de que o silêncio é o mesmo que antecedia as tocaias promovidas pelos jagunços dos coronéis nas lutas pela terra no sertão. Aqui e hoje, em São Paulo, os coronéis são outros. Não são os donos das terras do interior, mas possuem cargos públicos bem remunerados. Possuem a mesma patente, mas a insígnia é da Polícia Militar. E estão no comando das Subprefeituras. Na cidade inteira, o Prefeito colocou os coronéis da Polícia Militar para administrar as subprefeituras. E na Zona Leste não é diferente. Em São Mateus, São Miguel Paulista e Itaquera, quem manda são estes coronéis. Os moradores mais pobres das comunidades ou os trabalhadores do comércio informal, os ambulantes, por exemplo, já conhecem bem o estilo destes comandantes. Não é o do diálogo.





MAS A ARTE DE RUA RESISTE


Mas não é em silêncio que os moradores esperam as decisões oficiais. A população, com todos os problemas, toca a vida, enquanto a tocaia dos jagunços oficiais fecha o cerco (uma das Comunidades ameaçadas de remoção, a da Paz, teve cortada a ligação de energia e suprimento de água nos últimos meses). Com a alegria possível e muita arte. A Avenida Caititu é uma via sempre alegre e bem movimentada. São muitos os estabelecimentos comerciais e é permanente e agitado o trânsito de pedestres e veículos. Muitas pessoas e carros nas ruas. E muito som. É música de ponta a ponta. E, nesta tarde de sábado, tivemos no meio da via, mais um som, o som da “Arte Maloqueira”,  um grupo de jovens, que utiliza o RAP para falar da vida e das lutas das comunidades. Um som forte e guerreiro, cujos sons e movimentos foram reproduzidos pelas dezenas de meninos que encheram a Avenida. Os meninos fizeram a festa mais bonita.

                                                  Valter de Almeida Costa

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

MINISTÉRIO PÚBLICO VISITA COMUNIDADE DA PAZ



 Sr. Pedro, morador,  explica problemas da Comunidade para Engenheiro Miguel e Assistente Social Liliane do Ministério Público do Estado de São Paulo


MINISTÉRIO PÚBLICO VISITA COMUNIDADE DA PAZ


Nesta quarta-feira, dia 1 de agosto de 2012, uma equipe do Ministério Público do Estado de São Paulo esteve em visita à Comunidade da Paz, em Itaquera. A equipe composta pelo engenheiro Miguel e Assistente Social Liliane, a pedido do Promotor Dr. Maurício Lopes , do Núcleo de Habitação e Urbanismo do Ministério, fez levantamento das condições gerais da região para fins de subsidiar o inquérito que está sendo constituído desde que estas condições dos moradores foram  agravadas  com o corte da energia elétrica ocorrida em abril.




Nesta vistoria, que também foi acompanhada por equipes de reportagens dos Jornais Folha de São Paulo e Agora, foram entrevistados vários moradores que relataram todas as dificuldades que estão enfrentando, com a falta de água e luz, que agravam a situação destas famílias que já vivem a tensão provocada pela ameaça de perder suas moradias com as obras do Parque Linear que, por sua vez, integra o pacote de projetos para a Copa de 2014.






 A Comunidade já sofria com a falta de água desde a conclusão da primeira fase do Parque Linear Rio Verde, ocasião em que o acesso com a rede de água, que existia de forma irregular, foi cortado de modo que até hoje, passados vários meses, os moradores que conseguem “puxar” água do outro lado da Avenida Nova Radial Leste, vão repartindo com os demais. O mesmo ocorre com a energia elétrica, que também era obtida de forma irregular durante anos, mas havia, até abril, um condutor colocado pela Eletropaulo que facilitava a ligação que era feita pelas famílias da Comunidade.




 Em abril, porém, algumas semanas após a Comunidade ter promovido uma manifestação cobrando informações sobre as obras previstas e os prazos para a remoção,  na Subprefeitura de Itaquera, houve o corte destes ramais por equipe da Eletropaulo, escoltada por viatura da Polícia Militar. Como o Subprefeito de Itaquera é coronel da Polícia Militar, a comunidade suspeita que a solicitação do corte não teria partido de um simples soldado da viatura, num domingo à tarde. O corte num dia deste indica que a ordem deve ter sido dada de alguma patente superior. Por todas estas razões e suspeitas, está sendo aberto um inquérito para o qual foi solicitado o relatório técnico que será elaborado por esta Equipe do Ministério Público.


                                                  Área da casa que foi incendiada



 A improvisação para a ligação de energia e os riscos de novos incêndios